“Estamos
diante de um fascinante cenário. Levanta-se a cortina e aparece uma paisagem
magnificamente bela, surpreendendo a visão dos espectadores mais distraídos.
(...) Uma comunidade que, sendo uma síntese de todo o Brasil, aglomera
brasileiros de Norte, Nordeste e sul, que vieram para o Vale do Rio Doce
atraídos pelo desafio e pelas oportunidades de um grande objetivo, que foi
oferecer Aço ao Brasil”. Reprodução do
primeiro parágrafo de Terra & Gente de Ipatinga.
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O autor - Everaldo Damião |
Nem
o tempo pode apagar momentos da vida. Desfazer o legado que a existência cria.
O passado não pode ser desfeito, deve sempre ser lembrado. O aprendizado fica,
tanto no papel quanto na memória. Palavras e momentos preciosos não se perdem
ao ar.
Indios Vale do Rio Doce |
A
oportunidade é de falar primeiramente sobre a obra e seu autor, Terra &
Gente de Ipatinga, escrito por Everaldo Damião. Mesmo nascendo em Palmeiras dos
Índios, em Alagoas, muitos quilômetros de distância do que seria o Vale do Aço,
teve seu coração naturalizado ipatinguense. Desembarcou na cidade em meados de
1974, vindo encontrar seu irmão, que nela vivia há dez anos. Sua presença ecoa,
como numa longa e bela sinfonia.
Certa
vez disse João Néry no prefácio de seu primeiro livro, “Você não tem laços
políticos com a cidade e, sim, laços afetivos”. O que mais é preciso? Este
“forasteiro” anotava tudo. Registrava suas impressões sobre a cidade e
pesquisava sua história. Reunindo estes conhecimentos, surgiu em abril de 1977
o livro “Terra & Gente de Ipatinga”. Nele o autor traça um panorama do
município onde, com ares poéticos, detalha seu “fascinante cenário”,
dissertando sobre o crescimento e o progresso tecnológico, sempre baseando em
dados estatísticos. A obra cita o lado humano, mas destaca o objetivo econômico
da construção da Usiminas e a consequente criação da cidade. “É uma cidade que
vibra e pulsa, como um enorme coração, fazendo correr de suas veias o aço que
atende às necessidades industriais de quase todo o Brasil”, comenta o autor na
obra. Ele compara o projeto e a construção de Ipatinga aos de Brasília, já que
ambas as cidades foram planejadas e erguidas quase que na mesma época. Como
Brasília, Ipatinga também esteve sujeita a falhas estruturais. É o caso das
favelas, que surgiram para acomodar o excesso de trabalhadores que convergiam
para a cidade, atraídos pela promessa do crescimento.
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Agosto 1958 - Início terraplanagem Usiminas |
“Antes
que se comece a percorrer as ruas desta cidade, ou que se delicie com a sua
majestosa natureza, é preciso conhecer os fatos sobre o seu passado.”
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1960 - Ponto final 28 de Abril com Barbacena |
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1960 Rodoviária |
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1960 - Começam as obras de construção da Usiminas |
Nas páginas
dedicadas à história da cidade constam vários aspectos de sua trajetória, que
começou em abril de 1956 com a organização da Usiminas. O arquiteto Marcelo
Bhering colaborou com o desenvolvimento e execução dos planos da cidade até
1960, principalmente na lógica da criação dos bairros, desenvolvidos ao longo
do eixo longitudinal da Usiminas. Fato destacado também foi o falecimento de
dois chefes do departamento de engenharia e da divisão de câmbio e importação, Márcio
Aguiar da Cunha e João Walmik da Silva, vítimas de desastre aéreo quando
viajavam de Vitória para o Rio em 9 de agosto de 1964.
É de grande
interesse a cronologia feita pelo autor trazendo os principais acontecimentos e
pioneiros da região, desde 1800 até dezembro de 1976.
Como fatos
didáticos são citados: As possíveis origens e significados do nome “Ipatinga”;
autoridades; bandeira da cidade e seu significado; o hino do município;
estabelecimentos de ensino; todos os bairros e ruas. Também constam os
discursos do início de operação da Usiminas, além de um pequeno registro
fotográfico. Enfim, uma importante fonte de estudos obre a cidade, “Terra &
Gente de Ipatinga” é um livro raro, porém não ultrapassado. É o fruto de uma
vasta pesquisa feita por uma pessoa que acolheu e foi acolhida pela cidade com
a qual criou fortes laços.
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1980 Parque Ipanema |
Everaldo trouxe
consigo suas qualidades de liderança, sua sociabilidade, e deu continuidade às
atividades desenvolvidas em sua terra natal. Dentre suas primeiras
participações culturais, auxiliou a promoção das Semanas de Folclore em
Ipatinga em 1974 e 1975. Também participou, em 1974, do primeiro filme curta
metragem a cores produzido em Ipatinga “O Vagabundo”, interpretando o personagem
principal. Também em 1974 editou o ensaio xerografado “Ipatinga em tempo de
turismo”. No “Diário da Manhã” em 1974, entra para o jornalismo assinando a
coluna “Últimas anotações”. Neste mesmo ano foi redator de “Coopeco” e também
iniciou-se nas crônicas no “Diário da Manhã”. No ano de 1976 fundou o Leo Clube
de Ipatinga, entidade filiada ao Lions Internacional. Também participou da peça
com que ATAI inaugurou o Teatro Cleyde Yáconis, e do festival de Ballet da
Academia Olguim. Promoveu a primeira festa junina da Usipa no ao em que ocupou
o cargo de Diretor Social do Clube. Foi relações Públicas da Usiminas desde
1974, recepcionando o presidente Geisel no mesmo ano e em 1975, e também o
ex-premier japonês Kakurei Tanaka em dezembro de 1974. Bacharel em direito pela
faculdade do Rio Doce na cidade de Governador Valadares, participou de cursos
de formação de líderes, de orientação Teatral, de difusão universitária de
Parapsicologia, e dos cursos de extensão universitária de Administração de
empresas, de cinema e de relações públicas no Vale do Aço. Pós-graduado em
história e em Direito Processual pela UFAL e pelo CESMAC em Alagoas. É
integrante do Sindicato dos Publicitários em agências de propaganda de Belo
Horizonte, membro da Associação dos Diplomados da ADESG. É membro efetivo da
Academia Alagoana de Letras Maçônicas e da Academia de Letras Ciências e Artes
Maçônicas do Brasil. Atualmente, é conselheiro da OAB em Alagoas e Professor
Universitário.
“Pois bem, Terra & Gente de Ipatinga” é um
trabalho de pesquisas e anotações. Ocasional. Escrevi-o nas horas de folga, com
o pensamento voltado para o povo, e por ser dirigido ao povo, a sua linguagem é
sem artifícios “.
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Livro Terra & Gente de Ipatinga - Everaldo Damião |
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Teatro Cleyde Yaconis |
“Que nos perdoem os que são capazes de
realizar algo mais perfeito”
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Igreja Horto |
Suas
obras foram:
Terra
& Gente de Ipatinga (1977)
Liberdade
ainda que tarde (1980 – Ensaio)
Quanto
custa um advogado? (1986)
Antologia
Literária (1988 – Participação)
“A
humildade e a simplicidade nos leva a qualquer lugar”
Everaldo
colaborou com nossa cultura regional. Abaixo uma das lenda folclóricas mais
famosas da cidade, A Loira. Retirada do livro da Academia Olguim nas
comemorações da semana folclórica, com apresentação de lendas brasileiras. Sob
direção e coreografias de Zélia de Souza Franco Olguim, uma publicação do ano
de 1976.
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